Eu sei que você gostaria de ler mais. Então por quê não lê?
- ALEX VENDRAMETTO
- 16 de dez. de 2024
- 6 min de leitura

Eu sei, eu sei...por todos os lados que você olha, tem sempre um vídeo, uma matéria, uma página ou um professor dizendo que é bom e necessário ler mais.
Eu sei que você tem plena consciência de que eles estão certíssimos no que dizem. Afinal não faltam argumentos e fatos para comprovar que a leitura é pura vitamina para o cérebro e, por consequência, para o crescimento pessoal.
Pois é. Ir para a escola, completar os estudos, lutar para ter acesso ao ensino superior e seguir pela vida fazendo cursos e atualizações, são atitudes fundamentais para que a gente consiga abrir caminhos para nossos anseios e ambições. Mas além de tudo isso, ou para validar tudo isso, ler mais e mais é uma necessidade.
Acredite: para crescer, para evoluir de verdade, para fazer a diferença e usufruir de toda potência do seu poder intelectual, você precisa desenvolver o hábito da leitura.
Ok, falar é fácil. E em momento algum faço pouco da legitimidade dos argumentos apresentados por quem não lê:
Não gosto de ler.

Entendo perfeitamente. Infelizmente a educação no Brasil não nos orienta para a leitura.
Sem querem entrar em detalhes do quanto é historicamente fraco o nosso sistema educacional, tomo base o tempo em que cursei os ensinos fundamental e médio (láááá nos anos setenta e oitenta). Na matéria de língua portuguesa, liamos alguns livros por obrigação. mas não lembro de nenhum recurso didático aplicado às aulas para nos ajudar a aprender e gostar de ler.
Nossos aprendizados de português giravam em torno de dominar regras de gramática. E ponto.
E se era assim em língua portuguesa, imagina nas outras matérias.
Não sei como é agora, mas tenho a impressão de que as coisas não mudaram muito, não.
Não seria legal se cada disciplina nos orientasse para a leitura, como forma de complementar o conteúdo didático?
Tipo se as aulas de história fossem complementadas com a leitura de livros, jornais e revistas que representam cada época estudada. Ou se as aulas de física fossem pontuadas por biografias dos grandes nomes da ciência, como a biografia do Einsten, para que a gente pudesse identificar referências mais humanas entre tantos números e fórmulas frias?
Portanto, afirmar que não gosta de ler não é uma confissão de culpa, mas sim um resultado óbvio da carência e escassez às quais somos submetidos na nossa base educacional.
É perfeitamente compreensível o fato dos brasileiros não gostarem de ler.
Não tenho tempo pra ler.

Complicado mesmo. Direto e reto meus planos de leitura tropeçam no obstáculo da falta de tempo. E quanto mais responsabilidades acumulamos na vida, mais difícil fica.
Aqui bem do lado da minha mesa tem uma pilha com pelo menos trinta livros que comprei ao longo do ano e fui colocando na fila eterna de leituras pendentes.
É o trabalho, são os afazeres domésticos, os contratempos, as interrupções, as tretas cotidianas para resolver. Fora as distrações que pipocam o dia todo pelo celular, pelo computador, pela campainha, pelos filhos, cachorros...nossa, não tem fim.
Quando a gente vê o dia evaporou e já está na hora de fazer tudo de novo, igualzinho.
Não consigo manter a atenção na leitura. Dá sono e preguiça.

Tô ligado. Comigo acontece sempre quando tiro o fim de semana para ler mas, de tão cansado, sou nocauteado logo nos primeiros parágrafos.
Isso quando chego a abrir o livro, pois muitas vezes a preguiça vence e me convence que o melhor a fazer é simplesmente deitar e passar o tempo olhando para o teto, sem pensar em nada.
Acredito que essa lomba literária é fruto tanto das pressões cotidianas que nos moem o cérebro, quanto da nossa carência em desenvolver o hábito de ler. Principalmente quando o livro nos desafia de alguma forma, seja pela complexidade do seu conteúdo ou pelo grande número de páginas.
Mas então o que fazer? Ler ou não ler?
Bom, se os pontos que citei acima estão entre os empecilhos que te impedem de ler mais, o próximo aspecto é o que determinará o sucesso para a incorporação desse novo hábito à sua vida. E isso passa por uma resposta sincera para a seguintes pergunta:
Você tem plena ciência da importância que ler tem para a sua saúde mental e neurológica, para o seu desenvolvimento existencial e para o seu crescimento pessoal em todos os sentidos?
Se a resposta sincera for não, então sugiro que volte uma casa, pesquise um pouco sobre isso e repense.
Agora se a resposta sincera for sim, bora começar a ler mais com livros de poesia. Te dou alguns bons motivos:
Uma leitura mais flexível e adaptável.

Livros de poesias geralmente são compostos por textos curtos e independentes. Não exigem uma sequência narrativa. Isso é bom porque podemos ler aos poucos e em pequenos momentos de tempo livre, sem quebrar o ritmo da leitura.
É tipo assim: no ônibus, na sala de espera do dentista, no intervalo da escola ou do trabalho...em qualquer momento do dia basta abrir uma página aleatória para fazer uma leitura completa da poesia, sem necessidade de muito tempo e sem o inconveniente de ter que interromper o texto para retomar depois.
É um baita exercício de interpretação.

Ler poesia é um exercício poderoso para que a nossa mente fique afiada para interpretar todas as camadas de possibilidades que um texto oferece.
Poesias exploram muito as riquezas da língua, os sons das palavras, as metáforas, as simbologias, as descobertas de diversos significados que uma mesma frase pode conter.
Com isso vamos desenvolvendo a capacidade interpretativa e ampliando o poder da imaginação e da criatividade, de forma natural.
Desperta o nosso apetite e paladar literário.

Pense na leitura de poesia como uma forma de ir preparando seu paladar mental para, aos poucos, aprender a degustar uma infinidade de estilos e temas literários.
Logo você irá se deliciar ao saborear os mais diversos tipos de leitura, das mais simples às mais complexas. Sempre com o mesmo apetite.
Uma dica bacana para começar é evitar já ir direto para os clássicos. Escolha autores contemporâneos, que escrevam em português mais coloquial e tratem de temas com os quais você se identifica.
Para descobrir quem são esses autores, o Google é uma boa ferramenta. Basta pesquisar por poetas/poesias contemporâneos que escrevem sobre temas que te interessam. Por exemplo: amor, ideologia, causas sociais, filosofia e por aí afora.
Certamente que encontrará vários autores e fragmentos das respectivas obras para degustar e escolher o que lhe apetece. A partir daí seu paladar só irá evoluir.
Estou preparando uma seleção de vários poetas contemporâneos com diferentes perfis, para ajudar nessa escolha. Só mais alguns dias e já publico aqui ; )
Leia e releia.
O mais legal de ler poesia são os sentidos, as mensagens e os detalhes que vamos encontrando aos poucos. Um único texto é uma fonte incrível de descobertas de novas mensagens, significados e perspectivas que não havíamos notado antes. Por isso os livros de poesia podem, e devem, ser lidos várias vezes.
Haverá descobertas diferentes para nos surpreender. E pode ter certeza que em pouco tempo perceberá que sua capacidade de notar coisas subjetivas é cada vez mais aguçada.
Olha...é libertador para a mente.
Entre as letras e o olhar, considere lentes.
Para finalizar vai uma dica importante pra caramba, principalmente para a galera mais jovem que ainda não usa óculos.
Quando comecei a investir no hábito da leitura, notei algumas coisas estranhas. Primeiro um cansaço que rolava logo nas primeiras horas. Depois um lance esquisito de não achar um lugar que fosse confortável para ler.
Claro que a primeira coisa que pensei foi que minha meta de ler mais estava fadada ao fracasso. Achei que, realmente, não gostava de ler. Afinal, o ato da leitura mais incomodava do que proporcionava prazer e relaxamento.
Até que, por outros motivos, consultei um oculista. Mesmo com os exames apontando que tenho cem por cento de visão, ele me receitou óculos para leitura.
Gente...inacreditável. Foi como se tirassem uma cortina leitosa da frente das páginas. A leitura começou a fluir de forma gostosa e confortável, me permitindo mergulhar num livro por horas sem cansar.
Não preciso de óculos para dirigir ou trabalhar, mas para ler livros físicos (impressos em papel) faz a maior diferença.
Se puder, consulte um oftalmologista antes de começar a sua empreitada literária. Mal não vai fazer, né? No meu caso, ajudou bastante.

Por hoje é só. Se liga aqui no blog que essa nossa conversa sobre ler mais continuará nos próximos posts. Até!